segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Festival Nacional do Conto termina com clima de otimismo quanto à literatura brasileira

Luiz Ruffato e Ricardo Lísias fizeram a mesa de encerramento da segunda edição do Festival Nacional do Conto, em Jaraguá do Sul, e demonstraram grande otimismo quanto ao futuro da literatura no Brasil; o curador, Carlos Henrique Schroeder, prometeu novidades para o ano que vem

Luiz Ruffato, Ricardo Lísias e Carlos Henrique Schroeder, na mesa
de encerramento da segunda edição do Festival Nacional do Conto
Foto: João Chiodini
“Temos que começar a repensar essa história de que ‘brasileiro não lê’, ‘jovem não lê’”. Luiz Ruffato, natural de Cataguases (MG), autor de, além dessa frase e outros livros, do romance Eles eram muitos cavalos (2001) e da série Inferno Provisório, dividida em cinco volumes publicados pela Record, sustenta seu otimismo com muita segurança. “A quantidade de gente participando de eventos literários como esse, no Brasil, é impressionante”, disse, na mesa de encerramento da segunda edição do Festival Nacional do Conto, em Jaraguá do Sul, na noite deste domingo (12).

Mesa que Ruffato dividiu com Ricardo Lísias, escritor paulista que tem, entre outros livros publicados, O livro dos mandarins (2009) e O céu dos suicidas (2012), ambos pela Alfaguara. “Sem dúvida, o cenário para a literatura brasileira está melhorando, sim”, concordou.
           
Formação, projetos e próximos capítulos
Ricardo Lísias e Schroeder.
Foto: João Chiodini
“Tive a sorte de nascer numa família que sempre valorizou a leitura, então a minha formação de leitor foi sem nenhum susto, sem nenhuma pompa”, disse Lísias. Os primeiros livros que encantaram o autor foram os de Monteiro Lobato. Lísias também falou sobre o “incidente biográfico” por que passou e do qual resultou O céu dos suicidas. “Foi uma espécie de impossibilidade de escrever sobre outras coisas, eu tive muita dificuldade de solucionar a questão internamente”, disse o escritor, referindo-se ao fato de um de seus amigos ter cometido suicídio recentemente.

“Eu, por outro lado”, disse Ruffato, “tive uma mãe analfabeta e o meu pai era pipoqueiro em Cataguases, e os dois incentivaram eu e meu irmão a estudar para fazer cursos técnicos”. “Comecei a trabalhar como operário têxtil, e o livro sempre foi algo fora dos meus horizontes”, contou. “Fui influenciado por tudo que li, e ser um escritor creio que foi um acidente na minha vida”. Ruffato também falou sobre o seu projeto literário de retratar a classe operária no Brasil, projeto que, com o último volume da série Inferno Provisório (Domingos sem deus, Record, 2011), está concluído. “Já tenho algumas ideias sobre o que vou fazer daqui para frente, e creio que não será algo relacionado com Inferno Provisório”, revelou.

Diálogos com Carver
A partir de uma proposta do mediador Carlos Henrique Schroeder, os escritores fizeram considerações sobre trechos de um texto do contista americano Raymond Carver, Princípios de um conto.

Luiz Ruffato: "Vou buscar minhas
histórias na memória coletiva"
Foto: João Chiodini
“Só consigo escrever com o corpo todo”, disse Ruffato. “Se eu não me emocionar com aquilo, como o leitor vai se emocionar?”, comentou, dizendo que a epifania tem que acontecer com ele mesmo, com o personagem, e assim existe a possibilidade de existir com o leitor. “Outra coisa: não conseguiria nem sentar para escrever se não soubesse pelo menos aonde quero chegar”, acrescentou. 

Lísias concordou. “Há que existir um sentimento anterior”, disse, “e por exemplo, quando O céu dos suicidas foi publicado, recebi mensagens de pessoas que tinham passado por uma situação semelhante e tido sentimentos parecidos”. Quanto à relação entre conto e romance, Lísias disse que os gêneros obedecem a rigores de naturezas diversas. “Há necessidades diferentes, também, às vezes há que se dar um tiro mais certeiro, às vezes o assunto requer um tratamento mais lento, uma outra densidade”, disse.

“Eu tinha um projeto, quando comecei a escrever, mas não tinha certeza de como poderia executá-lo”, disse Ruffato. “Quando escrevi Eles eram muitos cavalos, a editora falou que não era romance e que ninguém ia entender. O livro ganhou prêmios como romance e já está na 7ª edição, então, naquele momento encontrei a forma para aquele projeto”, afirmou, ressaltando que não é importante ter uma preocupação muito grande com alguma distinção.

Luiz Ruffato ministra oficina de contos em Jaraguá do Sul.
Participantes vieram de Brusque, Rio Negrinho, Florianópolis,
Curitiba, além de Jaraguá e outras cidades.
Foto: João Chiodini
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O escritor Luiz Ruffato também ministrou uma Oficina de Contos, na tarde do domingo em Jaraguá do Sul. A oficina contou com aproximadamente 13 participantes, de diversas cidades de Santa Catarina e Paraná.

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Assim que as novidades para a próxima edição forem anunciadas, elas estarão por aqui também.

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