Depois da grande badalação em torno de Jonathan Franzen, promovida pela imprensa brasileira no fim de semana anterior à FLIP, o americano de 52 anos chegou ao Festival como a grande estrela e foi embora como uma grande decepção.
Natural que, como foi dito aqui, o autor de livros enormes e uma quantidade considerável de ensaios e conferências publicados, tivesse coisas interessantes a dizer. Não teve.
Bom, sem dúvida ele é simpático. (Foto: Flavio Moraes/G1) |
A mesa de Franzen (que aconteceu na sexta-feira, dia 6) foi mediada pelo excelente Angel Gurría-Quintana, provavelmente a pessoa que mediou o maior número de mesas na história da FLIP. Se não foi a sua melhor mediação, passou longe de ser ruim.
Eliminada a culpa do mediador, Franzen, entre silêncios constrangedoras e piadas horríveis, passou algumas impressões:
- A de subestimar a plateia brasileira. Ao não aprofundar seus temas, falar de maneira pausada demais (e por isso irritante), desviar de perguntas mais agudas, o americano parece ter pensado (talvez inconscientemente, inclusive) que as quase mil pessoas que lotaram a tenda dos autores não o entenderiam.
- Talvez a maneira pausada de falar seja uma característica pessoal. Vá lá. Mas grande parte das reflexões que Franzen levou a Paraty foram superficiais, medianas, sem graça. Por exemplo, dizer que o atentado de 11 de setembro foi potencializado pela mídia.
Além de alguns minutos (que compreenderam umas quatro frases completas do autor de Liberdade) de reflexão sobre a família e sobre as relações familiares (que num contexto sóciopolítico formam o cerne de sua ficção), e de alguns pensamentos sobre "usar o entretenimento para salvar a humanidade", Franzen falou pouco demais para a principal atração da 10ª FLIP.
*Não se engane, o autor deste blog enfrentou uma fila e pegou o autógrafo de Franzen, no exemplar de As correções, lido antes da FLIP e ainda considerado muito bom. Em breve, um post com os autógrafos conseguidos em Paraty.
**Há quem tenha pensado que a mesa não foi tão ruim. Por exemplo, o pessoal do Meia Palavra e o jornalista, crítico e escritor Sérgio Rodrigues.
***Leia a resenha de As correções, publicada semana passada.
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